O papilomavírus humano (HPV) é um vírus comum que pode infectar a pele e as mucosas, incluindo órgãos genitais, canal anal e garganta. Existem mais de 100 tipos de HPV, e alguns deles podem causar lesões e câncer no colo do útero, que é o segundo tipo de câncer mais comum na mulher no Brasil, perdendo apenas para o câncer de mama.
Vamos abordar mais detalhadamente o HPV e suas relações com as lesões cervicais:
1. HPV e infecção cervical:
- O HPV é transmitido principalmente por contato direto de pele a pele durante atividades sexuais, incluindo sexo vaginal, anal e oral. A maioria das infecções por HPV não causa sintomas e é eliminada pelo sistema imunológico sem causar problemas de saúde.
- No entanto, alguns tipos de HPV de alto risco podem causar alterações nas células do colo do útero, aumentando o risco de desenvolvimento de lesões pré-cancerosas e câncer cervical ao longo do tempo.
2. Lesões do colo do útero:
As lesões cervicais causadas pelo HPV podem ser classificadas em três tipos principais:
- a) Lesões de baixo grau (LGSIL): geralmente não causam sintomas e podem desaparecer por conta própria sem tratamento.
- b) Lesões de alto grau (HGSIL): essas lesões têm maior probabilidade de progredir para câncer se não forem tratadas.
- c) Câncer cervical: É um tipo de câncer que se desenvolve no colo do útero devido a alterações celulares causadas pela infecção persistente por HPV de alto risco.
3. Diagnóstico e tratamento:
O HPV pode ser identificado através de exames específicos como a Captura Híbrida ou PCR, realizados através da coleta de secreção do colo uterino.
- O diagnóstico de lesões cervicais geralmente é feito por meio do exame de Papanicolau (colpocitologia oncótica), que pode detectar alterações nas células do colo do útero. Se forem identificadas lesões, o próximo passo pode ser a colposcopia (exame visual ampliado do colo do útero) e a biópsia para confirmar a presença de lesões pré-cancerosas ou câncer.
- O tratamento das lesões cervicais depende do grau de gravidade e extensão das lesões, da idade da paciente, do desejo de ter filhos e de outros fatores. Opções de tratamento incluem observação vigilante para lesões de baixo grau que podem regredir espontaneamente, procedimentos de excisão (como a conização ou cirurgia de alta frequência do colo uterino) para remover lesões de alto grau e terapia com laser e imunomoduladores.
4. Prevenção:
- A vacinação contra o HPV é uma medida eficaz para prevenir a infecção por tipos de HPV de alto risco associados ao câncer cervical. A vacina é recomendada para adolescentes e adultos jovens, preferencialmente antes do início da atividade sexual. Desde março de 2023, foi aprovada no Brasil o uso da vacina nonavalente, para ambos os sexos, em idades entre 9 e 45 anos.
- Além da vacinação, a prevenção das DSTs inclui o uso de preservativos em todas as relações sexuais, realização de exames de Papanicolaou regulares conforme orientação médica, e ter conversas abertas e honestas sobre a saúde sexual com parceiros e profissionais de saúde.
- É importante que as pessoas que têm atividade sexual regular e aquelas que estão em maior risco de infecção por HPV, como mulheres jovens, sigam as diretrizes de prevenção e realizem exames ginecológicos regularmente para detectar precocemente qualquer alteração no colo do útero. O tratamento precoce de lesões pré-cancerosas pode reduzir significativamente o risco de desenvolvimento de câncer cervical ao longo da vida.